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Herege (2024) - Teologia como ponto de partida

poster de Herege

Uma das grandes inspirações dos filmes de terror é a religião, e muito se deve ao confronto entre o bem e o mal que foi criado ao longo dos vários séculos de religiosidade e como esse confronto gera a necessidade de crença.


A grande maioria dos filmes do género aproveita a religião para criar os seus monstros, demónios e salvadores, usando e abusando da mitologia, algo do qual Herege (ou Heretic no título original) se afastou e ainda bem.


Duas jovens missionárias enfrentam um grande desafio de fé ao serem confrontadas numa das suas várias visitas religiosas.


Scott Beck e Brian Wood , que já não eram nomes desconhecidos no terror ao serem responsáveis pelos argumentos de Quiet Place, aproveitaram todo o talento de Hugh Grant para criar um vilão assustadoramente inteligente e que permite gerar todo um estado de tensão digno de um belo terror psicológico.


Os três protagonistas na sequência inicial

Herege foge das convenções de terror religioso, não utilizando demónios ou freiras, mas sim a teologia como ponto de partida para algo altamente interessante. Tudo está rodeado em volta da crença em algo superior, não se centrando numa só religião, mas aproveitando algumas delas para serem desconstruídas e chegar ao ponto fulcrar: a crença.


Hugh Grant desempenha o papel de vilão e é também o portador do terror, não através do seu aspeto, mas sim pela sua forma de agir e comunicar, alternando entre um discurso lento e outro acelerado, e tendo o seu apogeu no monólogo de comparação entre a religião e os jogos de tabuleiro.


Sophie Thatcher e Chloe East em Heretic

Não é um filme recheado de várias personagens e como tal, são essenciais as grandes prestações dos protagonistas: Hugh Grant ao qual são dispensados mais elogios e que desempenha todo o seu papel de forma eximia, mostrando mais uma vez que não é apenas o menino bonito das romcoms dos anos 90/00; Sophie Thatcher e Chloe East, por outro lado, como as duas jovens religiosas que se veem presas numa armadilha onde têm de manter a calma, ao mesmo tempo que são confrontadas com a pressão da crença.


Chloe East, como a irmã Paxton, é quem acaba por ter um maior protagonismo, ao ter de desempenhar o papel de uma jovem que sofre grandes desenvolvimentos ao logo de todo o filme. Começa como uma jovem inocente e que apenas quer espalhar a palavra, mas acaba por se ter de adaptar às circunstâncias e lutar interiormente com tudo o que lhe é colocado.


Herege junta-se à coleção de terror psicológico, entregando um argumento repleto de inteligência e ansiedade. O problema desta obra, se calhar acabou mesmo por ser a existência do seu ponto mais alto no meio do filme, criando uma grande discussão teológica que depois não conseguiu ser acompanhada.

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