The Fall Guy: Um tributo aos duplos

Há muito tempo que se pede uma categoria nas grandes premiações que valorize o trabalho dos duplos no cinema, no entanto continua a ser apenas uma discussão e nunca mais uma realidade. O trabalho do duplo envolve de tudo um pouco, metendo até a sua segurança em jogo e, claro, sempre no anonimato. As nomeações às premiações serviriam para trazer um pouco mais de valor a estas equipas e mostrar o vasto trabalho que é feito.

The Fall Guy, além de uma tentativa de blockbuster, ficou também como uma homenagem a este trabalho das equipas de duplos, fazendo até uma referência a essa ausência de destaque na indústria.

Um duplo, após se retirar devido a uma lesão, é chamado de volta para participar num filme dirigido pela ex-namorada. No entanto, acaba por ter um segundo trabalho ao ter de encontrar o paradeiro de uma estrela de cinema.

Um blockbuster falhado pela procura do sucesso imediato

Ultimamente, temos vindo a ter um aumento do regresso de rom-com e géneros de filmes que relembram os antigos blockbusters (como é o caso de Anyone But You), mas as produtoras parecem estar a sofrer com a mudança dos tempos e com isso a quererem um sucesso imediato.

The Fall Guy sofreu com isso ao não conseguir um sucesso instantâneo nas bilheteiras logo nas primeiras semanas e, como tal, foi sendo rapidamente retirado das salas de cinema e das esperanças da produtora em conseguir arrecadar um pouco mais de espetadores.

Fica então a dúvida se não seria melhor o filme ter sido apenas lançado numa plataforma de streaming, onde este tipo de produções tem sido o grande destaque. Como contrapartida, é claro que seria necessário alterar toda a estratégia publicitária e perceber se poderia ser feito com o mesmo casting, pois nem sempre é comum ver atores de renome a aceitarem este tipo de propostas.

Um argumento pouco original mas com intenção?

Podemos olhar para o filme como apenas mais um filme de comédia, com sequências de espionagem, romance, traição e ação, no entanto, não me parece tão linear assim. Esta ideia prende-se por tudo o que é feito e como é feito, sem que nunca se esconda o que se está a criar e como. Parece tudo propositado na escrita de Glen A. Larson e Drew Pearce, assim como na direção de David Leitch, um nome já reconhecido em filmes que misturam ação e comédia, como Bullet Train e Deadpool 2.

Até mesmo numa das sequências finais, onde se tenta mostrar a grande coordenação e utilização de equipamentos da equipa de duplos, apesar de parecer tudo em excesso e altamente forçado, o momento é bem combinado com o filme e a cena em questão, não ficando uma ideia de exagero.

E o que escrever sobre as escolhas musicais para acompanhar o filme? A música mais reproduzida e que fica no ouvido é I Was Made for Lovin' You dos Kiss, mas conta também com Taylor Swift, Phil Collins e AC/DC.

Ryan Gosling foi feito para a comédia

The Fall Guy conta com um elenco de nomes já reconhecidos, como é o caso de Aaron Taylor-Johnson, Hannah Waddingham e Winston Duke, no entanto os destaques ficam para os dois protagonistas: Ryan Gosling e Emily Blunt.

Emily Blunt entrega uma representação sólida de Jody, mas sem uma grande relevância para que se possa destacar, tendo o seu ponto mais alto na cena do karaoke.

Já Ryan Gosling mostra uma vez mais que o seu talento é infinito e que tem na comédia o seu palco predileto. A representação de Gosling em The Fall Guy lembrou-me do seu papel em The Nice Guys (Bons Rapazes em português) e muito devido a esta mistura entre ação e comédia que o ator parece saber conjugar na perfeição.

⭐⭐⭐