Ted Lasso - Muito mais do que futebol

Um treinador de futebol americano é contratado para treinar uma equipa de futebol em Inglaterra, precisando de aprender tudo sobre esta nova modalidade, mas ensinando muito sobre a vida.

Desengane-se, aquele que pensa que Ted Lasso é uma série de futebol. A modalidade é apenas um meio para chegar até ao ponto essencial: a Vida e a forma como a vivemos.

Se a premissa pode ser considerada ridícula, e se após o primeiro episódio até podemos pensar em desistir, esse seria o maior erro, pois o que a série entrega episódio após episódio enriquece-nos a nível social e psicológico.

Os erros de encenação do jogo e do treino são muitas vezes infantis, levando a que até o espetador menos conhecedor da modalidade se sinta constrangido. No entanto, após ultrapassar esse “obstáculo” aprendemos que não são esses os momentos que interessam, mas sim os bastidores do jogo. Isto porque toda a série ronda os egos, os estigmas e o psicológico de todos os intervenientes, desde a presidente que se quer vingar do seu ex-marido, até ao treinador que esconde os seus problemas através de um humor contagiante, não esquecendo todos os jogadores e as obrigações que a sociedade coloca sobre eles.

Uma segunda temporada de elevação

Se a primeira temporada é centrada na loucura de escolha e na dificuldade de Ted se ambientar a um novo país, a uma nova cultura e a uma nova modalidade, é na segunda que começamos a receber de forma constante e mais séria confrontos de realidade em relação ao estado mental das personagens.

A introdução da Dra. Sharon é essencial para que se aborde a saúde mental no desporto, ajudando a representar os jogadores e treinadores como pessoas comuns e que, como tal, não devem esconder os seus problemas atrás de uma bola ou de uma folha salarial. É uma temporada marcada pela morte, relações e até mesmo ataques de pânico.

Nada é deixado ao acaso, comunicando com as diferentes personagens, mas também connosco, sem nunca quebrar a fourth wall.

Algo que chama também a atenção na segunda temporada é o crescimento dos episódios, tornando-se mais extensos, permitindo que exista uma maior atenção ao detalhe, embora se perda uma componente de comédia e muitas vezes seja necessário acrescentar elementos dispensáveis.

Uma despedida digna de Ted Lasso

Quando foi anunciado que a terceira temporada seria a última, causou uma surpresa amarga, pois se por um lado se percebe que é essencial terminar enquanto faz sentido, é sempre difícil despedirmo-nos de algo que nos marcou tanto. No entanto, uma vez mais, tudo é escolhido com o maior cuidado e com o maior respeito pelo espetador e pela série em si.

Na terceira temporada são introduzidas personagens dispensáveis e que pouco acrescentaram. Não tem o melhor início de temporada e ao longo do seu lançamento semanal ia ficando a ideia de que poderia roçar o fracasso caso não houvesse uma reviravolta no rumo. E foi isso mesmo que aconteceu, para grande agrado de todos os fãs.

Uma temporada de redenção, escolhas difíceis e que faz com que seja impossível não terminar com, pelo menos, uma lágrima no olho, tal é a emoção colocada em cada momento do último episódio. É criada também a sensação de despedida para o espetador, sabendo que estamos também a despedirmo-nos daquelas personagens que nos ensinaram tanto em tão pouco tempo.

Esta é quase uma carta de amor pessoal à série. Uma série que comecei a ver por curiosidade e sem grandes expectativas, mas que rapidamente me conquistou e me fez aguardar ansiosamente por cada novo episódio e novas temporadas. Não é uma série apenas para os fãs de futebol, mas sim para quem quiser ver algo que fará rir, chorar e até mesmo irritar com certas situações. Estas três temporadas de Ted Lasso ficarão guardadas para sempre num lugar especial, junto das séries favoritas.

⭐⭐⭐⭐⭐